quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A ditadura da estupidez

Tanta estupidez tem acontecido em nome de Jesus que até aqueles e aquelas que não movem o pensamento em decorrência dos absurdos políticos, econômicos, sociais e ambientais deviam estar movendo diante de tanta estupidez religiosa. Nas favelas do Rio de Janeiro, em nome de Jesus Cristo, traficantes estão expulsando líderes de religiões de matriz africana, depois de, sob a mira de uma arma, colocar os próprios religiosos para quebrar tudo que eles têm no terreiro. Na Câmara Federal o deputado Franklin do PP mineiro ocupa seu cargo de deputado federal para tentar obrigar as rádios públicas a tocar música gospel, sob pena de multa e até suspensão da concessão. Aonde vamos chegar com tanta ignorância e com tanta falta de coerência e de respeito ao direito de livres manifestações? Estamos retrocedendo décadas na nossa capacidade de raciocínio e discernimento de elementos básicos da vida em sociedade. Estamos avançando a passos largos para uma situação de catástrofe na vida em sociedade. Os dois extremos da vida em sociedade estão acontecendo, numa mesma ação, em nome de Jesus Cristo. Em nome Daquele que aconselhou a todos a paz, a fraternidade, a igualdade, o respeito, a solidariedade e o perdão, deputados/pastores vão impondo suas vontades e suas crenças e consequentemente contribuindo para fortalecer a lei do tráfico e da imposição religiosa nas favelas, em nome de Jesus. Pior é que na situação de ignorância atual desse país está difícil enxergar uma saída. As pessoas estão cada vez mais perdendo a capacidade de diálogo e de entender que respeitar o pensamento do outro faz parte do contrato social para a vida em sociedade. O pior é que sem entender isso e sem o brio do caráter que antes éramos defensores, caminhamos cada vez mais para uma disputa entre oprimidos, enquanto os opressores repousam nas suas condições de intocáveis.

sexta-feira, 10 de março de 2017

População de Sarzedo se mobiliza contra empresas poluidoras do município

Em reunião ocorrida ontem na Câmara Municipal de Sarzedo, moradores da cidade disseram não às empresas poluidoras do município. Sarzedo é uma das menores cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte e na primeira década do século XXI foi a segunda cidade em crescimento populacional relativo em Minas Gerais; só perdeu para Nova Serrana. Isso deve-se à expansão urbana causada pelo desenvolvimento econômico ocorrido de 2005 a 2012, quando diversas famílias tiveram a oportunidade de adquirir sua casa própria. 
Com a presença dessas empresas poluidoras que tem prejudicado a qualidade do ar, Sarzedo deixa de ser aquela cidade onde os Poderes Legislativo e Executivo quase não recebia questionamento. Várias pessoas ocuparam o plenário da Câmara Municipal na noite de ontem, sexta-feira 09/03/2017, para exigir a tomada de medidas urgentes, na busca de dar resposta do que fazer com o mal cheiro que tem espalhado pela cidade, vindo do distrito industrial. 
Ontem o povo mostrou que quer a solução do problema, não só pelo mal cheiro mas pelo medo de problemas futuros. Os argumentos apresentados pelos moradores deixaram sem respostas os representantes da empresa EcoVital, que estavam presentes na reunião. Nem o poder público, nem as empresas poluidoras conseguiram mostrar nada de concreto que justifique para a população que aquelas empresas podem permanecer no distrito industrial, sem prejudicar a saúde da população, pois não possuem prova material nenhuma de que a qualidade do ar não está sendo afetada ao ponto de causar problemas de saúde na população.
A imagem pode conter: 4 pessoas, multidão


A responsabilidade de autorização de funcionamento da empresa de incineração foi da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, no entanto o município acolheu o empreendimento. No caso, principalmente da atividade de incineração, a população precisava ter sido ouvida para aceitar esse empreendimento na cidade, acontece que não foi; a empresa foi instalada muito próximo as residências do bairro Imaculada Conceição, entretanto é a cidade toda que está sentido o cheiro horrível do ar vindo do distrito industrial, depois da instalação dessas empresas acusadas de poluição. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Como nascem os grandes feitos?

O lançamento de uma grande ideia é sempre recebido como um momento de loucura, porém os grandes feitos não são resultantes apenas de momentos de loucura.
É fato que para ter uma grande ideia é preciso estar um pouco à frente da ideologia dominante do momento; é preciso abster-se daquilo que é do domínio de todos e elevar o pensamento, abstrair-se para conseguir enxergar possibilidades que não são visíveis a todos naquele momento, isso é o que é, em primeira mão recebido como momento de loucura, mas para colocar em prática a ideia desse momento é preciso muito pé no chão, planejamento e firmeza sem perder o foco da grande ideia e, sobretudo, coragem. Coragem é talvez o adjetivo que mais falta na sociedade. A falta dela é resultante do sentimento de impotência para provocar mudanças, de sucessivas derrotas e de autoconfiança para construir a própria história, de ser protagonista da própria história.
Nem sempre quem tem uma grande ideia tem coragem e vice-versa. Além disso não basta apenas a grande ideia e a coragem porque o protagonista de um grande feito precisa ser humilde, precisa saber articular-se, empoderar quem estar ao seu redor e saber trabalhar em grupo e ser líder dentro do grupo. Ele não pode abrir mão de seus princípios mas, necessariamente, precisa abrir mão de todos os caprichos e vaidades que possam impedi-lo da obtenção de êxito no trabalho em grupo; pois sua decisão é a composição daquilo que é construído no coletivo. E somente sem vaidades e interesses particulares se constrói um grupo capaz de colocar em prática um grande feito.

É possível afirmar que de um “momento de loucura” pode nascer o embrião de um grande feito; daí esse embrião desenvolver-se de forma saudável é outra história. É a etapa difícil da história, a que exige todas as habilidades para se chegar ao protagonismo de um grande feito.

domingo, 3 de julho de 2016

Só para refletir um pouco

Vivemos no Brasil atualmente um momento de crise política que vai além da crise econômica. É uma crise que foi construída ao longo da nossa História porque somos um país que sua base econômica foi construída através do trabalho escravo, que só teve fim legal há 128 anos e ainda hoje se combate trabalho escravo no país. Logicamente temos uma elite nacional que acredita ter origem divina, não podendo ser destituída do posto de elite econômica e política do país.
Essa crise atual coincidiu com um momento de retração econômica no mundo inteiro e acaba sendo usada pela elite nacional, através da grande mídia, como forma de levar alguma vantagem política e econômica, através da retirada de conquistas que os brasileiros tiveram durante o governo do PT.
Acredito que nesses momentos de crise política, homens e mulheres que acreditam na política séria, precisam posicionar-se a favor da justiça social, do resgate na crença de que a participação política é o instrumento capaz de construir a confiança que o povo precisa ter para construir o Brasil que todos queremos. Isso deve começar na base, nos municípios, nos movimentos sociais para refletir nas decisões eleitorais.
A política no Brasil passará por um processo de mudança que vai exigir novos perfis de mulheres e homens que não sejam políticos que constroem carreira profissional na política. A população brasileira mudou seu perfil e a política acompanhará essa mudança. A população de hoje quer ser representada e o político de carreira não a representa mais porque essa população adquiriu condições que a tornou independente e empoderada para exigir seus direitos.
Sarzedo por exemplo representa bem essa mudança de perfil da população. As famílias que hoje representam a maioria na cidade são trabalhadores que saem de casa todos os dias para o trabalho e que precisam de serviços públicos de qualidade no município; principalmente educação e transporte público. As politicas públicas municipais na cidade precisam ser pensadas levando em consideração essa mudança de perfil da população. Por exemplo: a grande maioria das mães de família trabalha e às vezes não tem com quem deixar os filhos; Sarzedo por ser uma cidade com muitas novas famílias, a população jovem é muito grande e não há uma política pública pensada para essa juventude.
Esse debate precisa ser feito com a população. É uma necessidade para que a população possa participar da gestão da cidade e contribuir com a construção de políticas públicas que atendam às necessidade imediatas e constrói a cidade que queremos no futuro. É preciso pensar na formação da identidade que a população precisa ter com a cidade. E é essa identidade o elo que liga um povo ao local em que vive. E toda a população precisa ter esse elo; caso contrário a cidade não está incluindo, só amontoando pessoas.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Das más experiências pode-se tirar proveitos inovadores

De tudo tira-se proveito, das experiências ruins principalmente. A experiência do PT no poder resultou em avanços jamais vistos no país mas a experiência de aliança com a direita foi horrível. Depois que tiver passado tudo, caindo ou não a Dilma, se a direita voltar ao poder, ou se deixarem o Lula ser candidato em 2018 e ele vencer as eleições - o que é bem provável se ele for candidato -, uma certeza vai ficar: não há governo de coalizão que sustente mudanças estruturais no Brasil, com essa elite medíocre, burra, ignorante da realidade e que age como se ainda fossem os europeus na colônia brasileira; e o pior, usando a bandeira do Brasil, tocando o Hino Nacional e fazendo discursos de que estão ali para salvar o Brasil. Salvar o Brasil de quem se historicamente foi essa elite medíocre que entregou e continua querendo entregar nossas riquezas para a Europa e EUA. Entregaram o patrimônio brasileiro ao capital internacional através da “privataria tucana” e elevaram a dívida pública à situação de atualmente consumir metade do orçamento em pagamento de juros, tudo depois de ter vendido o patrimônio brasileiro para pagar a dívida pública.
A elite brasileira é medíocre, burra e corrupta. Medíocre porque contenta com a situação de capachos do capital internacional, burra porque desconhecem o tamanho do potencial de riqueza desse país, que tem tudo para ser uma das maiores potências do capitalismo moderno: recursos naturais, paz interna, mão-de-obra qualificada, energia renovável e não renovável e um mercado consumidor que é o quinto maior do mundo. E corrupta não precisa dizer porque. A mediocridade a deixa ainda mais corrupta, pois querem assegurar o máximo de lucro independente da forma que ele se dá.
Não precisa ser economista para entender que uma economia capitalista só é sólida e autossustentável se houver poder de compra. E que para isso é preciso diminuir drasticamente a desigualdade na distribuição de renda. Não sabem disso, são medrosos, covardes e medíocres. Ao longo de um período de crescimento econômico crescem exponencialmente seus capitais, quando sinaliza uma crise querem diminuir salários, criar banco de horas, cortar benefícios e se possível dispensar o trabalhador até sem pagar os seus direitos.
A crise política que criaram no país é muitas vezes maior que a crise econômica. Esta existe, no entanto o Brasil poderia sair dela de forma gradual se a elite capitalista brasileira não fosse burra e medíocre. Voltaremos ao foco do início do texto e fecharemos esse parêntese de três parágrafos. 
O proveito que se tira desse governo de coalizão com a direita é que não adianta alinhar uma parceiragem com parceiro que pensa baixo, que se limita a ser capacho, que é incapaz de ter a coragem de mesmo no sistema econômico capitalista construir um planejamento para o crescimento autônomo da economia brasileira; com distribuição de renda para que todos os brasileiros tenham acesso a saúde, educação, habitação, cultura, preservação e resgate dos valores culturais e respeito às diversidades. Isso consequentemente resultará num crescimento sustentável da economia nacional, livre do capital especulativo e menos dependente de investimentos externos.
Para isso é preciso ter coragem de construir o próprio protagonismo econômico, abandonar a mediocridade, combater toda e qualquer forma de corrupção e entender que o pagamento de salários justos e impostos justos, combinados com o combate à corrupção faz enriquecer a economia interna, que por sua vez torna-se forte e sustentável, resultando em desenvolvimento social.

terça-feira, 8 de março de 2016

O todo é o reflexo das partes

Eu tive acesso ao resultado de uma pesquisa eleitoral que investigou  a intenção de votos numa das maiores cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte para as eleições de 2016, o resultado foi drástico. Há uma descrença muito grande em relação aos tradicionais/profissionais políticos, àquela política da promessa e àqueles que são políticos a cada quatro anos, que só envolvem nas eleições municipais porque há um interesse próprio direto. 
A população, embora às vezes não pareça, não quer mais saber de troca de favores na política, não quer mais saber do político varejista; aquele que utiliza do oferecimento de serviços públicos no município onde governa, como forma de perpetuar no poder. A população sabe que acessar um serviço público é direito individual, de cidadão, independente da relação que tem com a gestão municipal local e que quando o recurso é escasso para a disponibilidade do serviço não pode haver privilégio no acesso. As campanhas de 2016 vão exigir capacidade política dos candidatos, capacidade de entender que o detentor de um mandato eletivo, seja no executivo ou no legislativo, está ali como um representante do povo, que o que deve prevalecer é a vontade do povo e que ele está ali para representar o interesse público e não o interesse próprio.
Isso leva a crer que a população está exigindo profissionalismo na Administração Pública. Que as administrações, principalmente as municipais, precisam ser profissionalizadas, precisam ter profissionais com capacidade técnica e administrativa que entendam a importância do serviço público com qualidade para o empoderamento das pessoas e das cidades. É na esfera das cidades que as políticas públicas de saúde, educação, habitação, cultura, lazer, esporte, desenvolvimento econômico, desenvolvimento social, enfim, praticamente todas as políticas públicas materializam-se. O município é que o provedor de serviço público, independente de ser um serviço custeado ou não com recurso próprio. Então é principalmente nos municípios que precisa estar o profissional capaz de entender que ele é um SERVIDOR PÚBLICO e não um amigo do prefeito ou da prefeita ou um bancado pelo vereador x; um privilegiado da política local que está ali para atender o interesse do político que o colocou lá e não o da população. Dentro do espaço de atendimento público não pode haver dúvida em relação a quem atender porque o direito é de todos, desde que não haja restrição prevista como é o caso das políticas públicas de assistência social.
Para que a administração pública - com destaque para a municipal - caminhe na direção que o oferecimento de serviço público deve ter é preciso que haja participação popular. Os conselhos municipais devem ser fortes, atuantes e respeitados como entes fiscalizadores e representantes da população. O morador quando precisar fazer uma denúncia, uma reclamação, pedir um esclarecimento e até para fazer uma sugestão precisa ter um ponto de referência e os conselhos municipais devem ser pontos de referência. É preciso ter orçamento participativo, associações fortes que representam a vontade do povo e que todos esses entes de controle social participam da elaboração dos planos de desenvolvimento das políticas públicas municipais: Plano de Saneamento Básico, de Resíduos Sólidos, de Educação, de Desenvolvimento Social, de Desenvolvimento Urbano, etc. e, logicamente do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA) e, no ano seguinte, acompanhar e avaliar a gestão para exigir a aplicação prática daquilo que foi definido com a participação popular.
Para que isso aconteça a responsabilidade não é somente da população. Culpar a falta de controle social como falta de interesse da população não é honesto porque fomentar e facilitar essa participação é dever da gestão que deseja transparência e respaldo popular nas decisões políticas da cidade.
  

terça-feira, 1 de março de 2016

Incineração de resíduos tóxicos em Sarzedo não: foi o que disse a população ontem na Audiência Pública na Assembleia Legislativa

Ontem, 29 de fevereiro de 2016 ocorreu na Assembleia Legislativa uma Audiência Pública com o objetivo de discutir a incineração de resíduos perigosos no município de Sarzedo. Foi um exemplo de que a população desta cidade sabe o que quer: querem uma Sarzedo que cresça de forma organizada e com controle para que não ocorra erros de governo que possam comprometer a qualidade de vida que querem para suas famílias. Foi uma lição de democracia que foi exigida e executada pela população, pelo interesse dos próprios moradores lá presentes. Tive a certeza de que a população de Sarzedo sabe da importância da cidade crescer com qualidade e muitos disseram isso nas suas intervenções. Foi-se o tempo em que pertencer ao clã oligárquico de origem local tinha mais peso político do que ter capacidade administrativa para construir um governo com participação social. A população de Sarzedo quer uma cidade para todos.